Segundo Bannitz, estudos apontam que a ativação do estresse do retículo endoplasmático possui um grande impacto em doenças relacionadas com a síndrome metabólica, como a obesidade e a diabete. Ou seja, quando há um excesso de proteínas no retículo endoplasmático das células, ocorre uma sobrecarga da sua capacidade de funcionamento, ocasionando alterações na homeostase (equilíbrio fisiológico) dessa organela e gerando assim o estresse no retículo.
Os resultados do estudo de Bannitz sugerem ainda que o trabalho noturno pode alterar a resposta fisiológica ao estresse oxidativo. “Nós também observamos a diminuição da expressão gênica de NRF2, um importante regulador do estresse oxidativo nas células presentes do sangue dos trabalhadores noturnos.”
Isso significa, diz o pesquisador, que virar a noite no trabalho pode modificar as reações fisiológicas responsáveis pela proteção contra agentes oxidantes, provocando assim efeitos danosos ao corpo humano, como por exemplo o envelhecimento precoce.
Além disso, os resultados apontaram um aumento dos níveis de glicose, triglicerídeos, circunferência da cintura e pressão arterial nos trabalhadores hospitalares noturnos quando comparados aos diurnos.
“Nossos achados agregam informações importantes para a compreensão dos efeitos negativos do trabalho noturno e abrem uma nova perspectiva para políticas estratégicas a fim de reduzir o estresse e minimizar os problemas metabólicos decorrentes do trabalho noturno.”
O estudo foi coordenado pela professora Maria Cristina Foss-Freitas e conta com coautoria dos docentes Ayrton C. Moreira e Margaret Castro e das pesquisadoras Rebeca A. Beraldo e Priscila Oliveira Coelho, todos da FMRP. O trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência do Hospital das Clínicas da FMRP (Faepa).
Por Giovanna Grepi
Publicado no Jornal da USP